domingo, 15 de junho de 2008

Passeio a Marrocos (13ª Parte)






Chegamos a Meknes por volta das quatro da tarde.

Como era o Primeiro de Maio, dia do trabalhador, deparamos com a maioria dos estabelecimentos encerrados. Para agravar a situação a famigerada visita do Rei, que ainda estava a decorrer, impôs severas restrições à circulação o que obrigou a que tivessemos de deixar as motos à entrada da parte velha da cidade.

Depois de termos parqueado as motos decidimos ir dar uma volta pela medina. Para tal tivemos que percorrer a pé várias ruas até chegarmos junto à muralha.

O calor que se fazia sentir aliado ao facto de nós caminharmos com o equipamento vestido tornou o passeio penoso.

Assim mal chegamos junto ao Palácio Real tratamos de regatear o preço de uma charrete.

Já o disse antes e mantenho, apesar de Meknes ser uma das cidades Reais fica muito aquém de Fez ou Marraquexe. Sinceramente não acho que seja uma das prioridades a quando de uma visita a Marrocos. Essa sensação é tanto mais evidente quando se faz o mesmo percurso que nós fizemos.

Ao chegar a Meknes não podemos deixar de sentir uma certa desilusão por oposição às outras cidades visitadas.

Instalados os cinco na charrete lá partimos nós para fazer uma volta pela cidade.

Devo admitir que ainda sinto hoje um certo peso na consciência por termos obrigado o pobre animal que puxava a charrete a um esforço tremendo para nos arrastar pela cidade.

Ainda não tínhamos andado quando a charrete teve que fazer uma escala técnica para troca de motor, que é como quem diz de cavalo.

Segundo o cocheiro que nos conduzia o cavalo tinha sido adquirido na semana anterior e ainda não estava preparado para fazer aquele trabalho.

Eu sinceramente inclino-me mais para um problema de falta de força anímica do pobre animal para puxar cinco marmanjos e uma senhora...

De todos os monumentos visitados o que mais me impressionou foi o tanque, actualmente um lago, que servia para matar a sede aos 10.000 cavalos do Molay Ismahil.

Terminada a volta pela cidade montamos nas motos e partimos rumo a Larache onde iríamos passar a última noite em Marrocos.

Larache parece mais uma cidade espanhola do que marroquina tantos são os espanhóis que por ali deambulam.

Para não destoar fomos alojar-nos no hotel Espanha. O hotel é limpo e os quartos são agradáveis.

Depois do banho tomado fomos até à marginal onde acabamos a comer um gelado numa gelataria.

As nossas férias estavam a terminar mas nem por isso a disposição deixou de ser a melhor.

Em qualquer viagem é muito importante na escolha não só o destino como sobretudo os companheiros de viagem.

A incompatibilidade de feitios, diferenças de andamento, e até os paladares mais exigentes podem estragar a viagem a toda a gente.

Felizmente neste caso difícilmente poderia ter escolhido melhor companhia. Isso contribuiu para termos passado duas semanas memoráveis em Marrocos.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Passeio a Marrocos (12ª Parte)






Depois de termos comido o gelado voltamos a deambular um pouco pela praça e regressamos ao hotel para um sono reparador.


Na manhã seguinte fomos dar uma volta pela medina e eu como é costume de cada vez que vou a Marraquexe fui tomar um chá ao Café Koutobia que fica situado em frente ao minarete Koutoubia.


Gosto de lá passar umas horas num "dolce far niente" observando o trânsito e as pessoas que passam.

Acho sempre interessante ver a disparidade de veículos, de indumentárias envergadas pelos transeuntes e imaginar qual será a vida por trás de cada rosto que observo.


Entretanto alguns aproveitaram para fazer as últimas compras e, quando eram umas 16h partimos rumo a Kenifra.


Já tinhamos ouvido dizer que o Rei iria fazer uma visita a várias cidades do Sul e pelo caminho isso foi evidente pela quantidade de bandeiras que engalanavam os diversos edifícios e povoações.


Chegamos a Kenifra por volta das sete da tarde e paramos para jantar.


Estavamos nós no restaurante à espera de ser servidos quando se aproximam de nós dois agentes da Sureté Nationale e me perguntam o que estavamos ali a fazer e para onde nos dirigíamos.


Perplexo pela pergunta balbuciei que nos dirigíamos para Meknes mas que estávamos a pensar pernoitar por ali.

O agente mais graduado (não percebo nada de divisas militares) disse-me que não havia alojamento disponível em Kenifra uma vez que tinha tudo sisdo reservado por causa da visita do Rei.

Como tal se me afigurava difícil de ser realidade respondi-lhe que tinhamos telefonado para vários hóteis e que todos eles me haviam informado da disponibilidade de quartos.


O referido agente voltou a insistir que não havia alojamento e que o melhor seria jantarmos e seguir caminho rumo a Mehrit, que distava cerca de 30kms, e tentar aí arranjar alojamento.

Voltei a insistir que pretendíamos permanecer em Kenifra ao que le respondeu que era sua responsabilidade a segurança e por esse motivo teria de nos enquadrar nessas normas de segurança.


Não percebi o que ele pretendia e pura e simplesmente sentei-me para começar a jantar.

O agente muito contrariado disse-me que acabássemos a refeição pois daí a algum tempo passaria novamente par ver se tínhamos partido.

Virou costas e saiu restaurante fora.


O empregado do restaurante veio-nos pedir desculpa pela indelicadeza do agente e disse-nos para jantarmos à vontade que depois nos acompanharia na procura de um hotel.


Assim fizemos e quando terminei a refeição fui com ele verificar a disponibilidade de dois hóteis nas imediações.

O primeiro estava efectivamente cheio mas o segundo tinha três quartos vagos.

Discutimos o preço e eu regressei ao restaurante para chamar os meus amigos que entretanto ficaram à espera.


Estacionamos as motos mesmo em frente da Jaima (tenda) previamente instalada para a visita do Rei. A nível de segurança não poderíamos ter escolhido local melhor.

Na manhã seguinte após o pequeno almoço arrancamos rumo a Mehrirt onde paramos para almoçar e aguardar a passagem da Comitiva Real.


Almoçamos num restaurante de berma da estrada onde comemos um mechui (cabrito assado na brasa) que estava uma delícia.

Fartamos-nos de esperar pela Comitiva Real, que supostamente deveria ali chegar ao meio-dia mas eram 14:30h e nem sinal dela.


Fartos de esperar arrancamos em direcção a Meknes.